Informações dirigidas às crianças e seus responsáveis sobre higienização adequada dos alimentos, alimentação saudável e a Covid-19 compõem a cartilha Covid-19: Alimentação e Cuidados com as Crianças Durante a Pandemia, elaborada por alunas do curso de Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado do Para (Uepa), sob orientação da professora Luciane do Socorro Nunes dos Santos Brasil, nutricionista e doutora em Química. Publicado pela Editora da Uepa (Eduepa), em formato digital, o livro encontra-se disponível para ser baixado gratuitamente no site .
De acordo com a professora Luciane Brasil, no contexto pandêmico de Covid-19, as crianças, pelo fato de não serem vistas como grupo de risco da doença, não foram tão priorizadas no conjunto de ações educativas, de uma forma tão específica, voltada para elas. “De modo geral, a preocupação voltou-se ao papel das crianças na disseminação do SARS-CoV-2 e a ideia de fazer a cartilha surgiu dessa observação”, explica Luciane. Para a aluna Ádria Diva dos Santos Pereira, “não se tinha algo mais simples para que as crianças entendessem, mas elas precisam entender e tomar os cuidados necessários, para que possam ajudar a si mesmas e a seus familiares. Por isso nós trouxemos uma linguagem mais simples e mais didática para que elas pudessem entender”.
Com uma linguagem integrada por ilustrações que acessam a dimensão lúdica do universo infantil, feitas pelo ilustrador da Eduepa, Flávio Araújo, as autoras encaminharam a esse público, os conhecimentos obtidos nas disciplinas Ciências e Tecnologia de Frutas e Hortaliças, Fundamentos da Nutrição e Higiene e Controle de Qualidade na Indústria de Alimentos, ministradas pela professora Luciane Brasil em períodos alternados da graduação. “Eu gosto de trabalhar com projetos dentro das disciplinas, para que os alunos percebam que dentro das disciplinas eles podem desenvolver uma produção, se ela caminhar junto com o professor. O nosso curso é muito prático com muitas atividades dentro dos laboratórios, mas diante da pandemia, com o ensino remoto, tivemos de encontrar outras saídas e a produção da cartilha coloca em prática os conhecimentos adquiridos”, registra a professora.
Além de alcançar as crianças, a estudante Clara Beatriz Negrão de Almeida explica que as autoras tinham uma preocupação de que o material fosse de fácil compreensão também para os pais, em questões que vão desde a atenção com a higienização até o preparo das receitas sugeridas. E por falar em receitas, na sessão Receitinhas, Luciane Brasil comenta que elas priorizaram “coisas simples de fazer, com ingredientes saudáveis e de forma higiênica”.
Sobre o processo de elaboração coletiva, que respeitou as medidas de distanciamento físico, a graduanda Grabriela de Almeida Campos informa que foi tudo feito remotamente. “Nós fazíamos reuniões on-line, onde cada uma apresentava suas ideias, sempre mantínhamos contato por mensagem e todas se ajudavam, até chegarmos ao resultado final”, conta Gabriela. Nesse sentido, a professora Luciane Brasil, destaca a criatividade marcante dos estudantes da Uepa, como elemento fundamental para o êxito de empreitadas como esta. “Nossos alunos são muito criativos. Dentro das limitações que se apresentam, eles sempre têm ideias maravilhosas”, elogia.
Aprendizados
Em rápidas 17 páginas, as autoras não apenas compartilham os aprendizados obtidos no curso de Tecnologia de Alimentos, como traduzem o que aprenderam em relação à Covid-19, conforme explica a estudante Yasmin Lima Cruz. “Nosso maior aprendizado foi em relação à própria doença e o entendimento de como tudo o que nós aprendemos dentro da universidade, pode contribuir com a sociedade”, conta.
Como nutricionista, Luciane Brasil explica que o mais difícil para a população aprender em relação à alimentação saudável reside em um ponto principal: a organização. “As pessoas colocam sempre muito obstáculo à alimentação saudável, dizem que é caro, que demanda muito tempo, mas é algo que para dar certo, deve entrar no nosso planejamento doméstico diário”, ressalta. Como parte desse planejamento, está a elaboração de um cardápio semanal, que segundo a professora não costuma ser feito, seja por razões culturais, que levam as pessoas a decidirem no dia aquilo que “estão com vontade de comer”, ou por razões econômicas “que se impõem como dificuldade para muita gente que não pode comprar antecipadamente os alimentos, como as proteínas, para armazenar”, detalha professora Luciane.
Como a pandemia de Covid-19 continua fazendo parte da realidade deste ano de 2021, a cartilha, publicada em dezembro de 2020 continua sendo um instrumento útil, sobretudo para os cuidados com as crianças. E para se manter informado sobre o panorama da doença e como ela tem afetado a população no Brasil e nos Estados, o Ministério da Saúde divulga Boletins Epidemiológicos periódicos com informações detalhadas, inclusive sobre a situação de contágio infantil.
Fonte: Universidade do Estado do Para/Uepa