A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta sexta (23) um relatório que revela que após um ano de pandemia, nove em cada 10 países, entre os membros da agência, ainda lutam com interrupções no setor de saúde.

A primeira pesquisa sobre o tema, em 2020, mostrou que cerca de metade dos serviços essenciais de saúde foram interrompidos. No primeiro trimestre de 2021, no entanto, pouco mais de um terço dos serviços sofria mudanças causadas pela crise.

Adaptação – Muitos países intensificaram informações sobre mudanças na prestação de serviços e a melhor maneira de obter cuidados de saúde com segurança, além de fazer uma triagem das necessidades mais urgentes. Mais da metade dos membros da OMS afirmam ter recrutado mais pessoal, reencaminhando pacientes a outras instalações e utilizando métodos alternativos, como serviços domiciliares, receitas médicas para vários meses e telemedicina.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que “é encorajador ver que os países estão começando a reconstruir seus serviços essenciais de saúde, mas ainda há muito a ser feito.”

Para Tedros, “a pesquisa destaca a necessidade de aumentar esforços, fechar lacunas e fortalecer serviços.” Ele diz que é especialmente importante acompanhar os países que já tinham dificuldades antes da pandemia.

Causas – Para cerca de 66% dos países, razões relacionadas à força de trabalho são as principais causas das interrupções. As cadeias de suprimentos também continuam afetadas em quase um terço das nações.

A comunicação também tem que melhorar. Mais da metade dos países sofreram interrupções porque os pacientes ficaram desconfiados de procurar atendimento e tiveram medo de contaminação.

Ao mesmo tempo, 43% dos Estados-membros destacam questões financeiras como a principal causas de dificuldades.

Como resultado, milhões de pessoas ainda estão perdendo serviços de saúde vitais.

Problemas comuns – O maior impacto, relatado por quase metade dos países, é na prestação de cuidados primários diários para prevenir e tratar problemas de saúde comuns. Tratamento paliativo, reabilitação ou para doenças crônicas são gravemente afetados especialmente entre idosos e pessoas com deficiência.

Já as intervenções de emergência, cuidados críticos e cirúrgicos ainda são estão sendo interrompidos em cerca de 20% dos países. Dois terços dos Estados-membros adiaram cirurgias não urgentes alongando a lista de espera. Tratamento de transtornos mentais, neurológicos e de uso de substâncias, doenças tropicais negligenciadas, tuberculose, HIV, hepatite B e C, exames de câncer e serviços para outras doenças crônicas, incluindo hipertensão e diabetes, planejamento familiar e contracepção, atendimento odontológico de urgência e desnutrição constam a lista de consultas atrasadas.

Imunização e malária – O relatório foi publicado na véspera da Semana Mundial de Imunização, que começa este sábado (24) e do Dia Mundial da Malária, no domingo (25).

Mais de um terço dos países ainda estão interrompendo os serviços de imunização. O mesmo acontece em quase 40% dos países para um ou mais serviços de malária.

Em comunicado, a diretora-executiva do Fundo da ONU para a Infância (UNICEF), Henrietta Fore, disse que “para as crianças, as interrupções nos serviços de vacinação têm consequências graves.”

Segundo ela, “não se pode permitir que a luta contra a Covid-19 prejudique a batalha contra o sarampo, a poliomielite ou outras doenças evitáveis ​​por vacinas”.

Apoio da OMS – A agência disse que continuará a apoiar os países para que possam responder ao aumento das tensões nos sistemas de saúde.

Isso inclui mecanismos de apoio para acelerar o acesso equitativo a vacinas, testes e tratamentos para COVID-19, e o Plano Estratégico de Preparação e Resposta, que orienta as ações realizadas em nível nacional, regional e global para combater a doença.

Fonte: ONU Brasil

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