Com objetivo de conhecer como a vida e a saúde das mulheres foram afetadas pela pandemia da Covid-19, com ênfase nos aspectos reprodutivos, o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), em parceria com o Instituto Rene Rachou (Fiocruz Minas), Universidade Federal da Bahia e outras instituições de pesquisa, lançaram uma pesquisa on-line. O estudo é desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Gênero, Reprodução e Justiça, coordenado pelas pesquisadoras e docentes Claudia Bonan, do Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do IFF/Fiocruz e Ana Paula dos Reis, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia.

O estudo, que é de escopo nacional, foi lançado em 15 de julho. Segundo as pesquisadoras, epidemias anteriores, crises sanitárias e humanitárias mostraram como os serviços de saúde, especialmente os serviços de assistência à saúde integral das mulheres foram afetados, com restrição de funcionamento e interrupções. “Em outros países, já se tem um registro de aumento de gravidezes indesejadas, de complicações de aborto, dificuldades de acesso à contracepção e aumento da mortalidade materna, como já estamos vendo no Brasil. Também há relatos de mulheres com dificuldades de acesso a ações preventivas ou ao tratamento de doenças de mama e ginecológicas, incluindo o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. Neste sentido, nossa pesquisa tem a pretensão de identificar como essas questões estão ocorrendo no Brasil”, explicam Claudia e Ana Paula.

A pesquisa é destinada às mulheres com 18 anos ou mais, residentes no Brasil. Para participar, basta acessar aqui. A primeira etapa se refere a realização de um inquérito, com a utilização de questionário autoaplicado, em formato on-line, com perguntas fechadas. Em um segundo momento, o estudo pretende aprofundar as questões que se destacarem a partir da análise das respostas, com a realização de um estudo qualitativo, com entrevistas individuais e grupos focais com as mulheres.

O grupo de pesquisa acredita que os conhecimentos produzidos a partir do estudo poderão subsidiar formuladores de políticas públicas para o fortalecimento de ações, programas e estratégias que assegurem os direitos reprodutivos e à saúde integral das mulheres. “Além disso, queremos que esses conhecimentos possam ser úteis para as próprias mulheres, as redes e os grupos ativistas, apoiando suas lutas por direitos e justiças e seus processos de produção de conhecimento”, ressaltam as pesquisadoras.

Com a pesquisa, a equipe do projeto espera traçar um panorama dos efeitos globais da pandemia no Brasil sobre a saúde reprodutiva das mulheres, à luz do contexto atual das políticas públicas, e, ao mesmo tempo, mostrar a imensa diversidade desses efeitos. “Nós gostaríamos de conferir visibilidade a grupos minoritários e mulheres que, nem sempre, estão muito representadas na pesquisa. Queremos pensar sobre aqueles segmentos que, sabidamente, estão em situações de maior vulnerabilidade social. Pensando que a pandemia não é democrática, ela pode ter afetado de forma mais significativa essas mulheres. O universo de mulheres que vivem no Brasil é extremamente heterogêneo, complexo e desigual, então, esperamos que o estudo possa contribuir para evidenciar esta multiplicidade das experiências”, conclui Claudia Bonan.

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

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