No Dia Mundial da Tuberculose, 24 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,4 milhão de pessoas receberam tratamento para tuberculose (TB) em 2020, de acordo com dados preliminares compilados pela organização em mais de 80 países – uma redução de 21% em relação a 2019. Os países com as maiores lacunas relacionadas foram a Indonésia (42%), África do Sul (41%), Filipinas (37%) e Índia (25%).
“Os efeitos da COVID-19 vão muito além da morte e da doença causadas pelo vírus. A interrupção dos serviços essenciais para pessoas com TB é apenas um exemplo trágico de como a pandemia está afetando desproporcionalmente algumas das pessoas mais pobres do mundo, que já corriam maior risco de TB”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Esses dados preocupantes apontam para a necessidade de os países fazerem da cobertura universal de saúde uma prioridade-chave enquanto respondem e se recuperam da pandemia para garantir o acesso a serviços essenciais para tuberculose e todas as doenças”.
Construir sistemas de saúde para que todos possam obter os serviços dos quais precisam é fundamental. Alguns países já tomaram medidas para mitigar o impacto da COVID-19 na prestação de serviços, fortalecendo o controle de infecções, expandindo o uso de tecnologias digitais para proporcionar aconselhamento e suporte remotos e fornecer prevenção e tratamento domiciliar da tuberculose.
Porém, muitas pessoas com TB não têm acesso aos cuidados dos quais precisam. A OMS teme que mais de meio milhão de pessoas possam ter morrido de tuberculose em 2020 simplesmente por não terem conseguido obter um diagnóstico.
Este não é um problema novo: antes da COVID-19 surgir, a diferença entre o número estimado de pessoas que desenvolvem tuberculose a cada ano e o número anual de pessoas oficialmente diagnosticadas era de cerca de 3 milhões. A pandemia agravou enormemente a situação.
Uma maneira de resolver isso é por meio de exames de TB restaurados e aprimorados para identificar rapidamente as pessoas com infecção ou doença. A nova orientação emitida pela OMS no Dia Mundial da Tuberculose visa ajudar os países a identificar as necessidades específicas das comunidades, as populações com maior risco da doença e os locais mais afetados para garantir que as pessoas tenham acesso aos serviços de prevenção e cuidados mais adequados. Isso pode ser alcançado por meio de um uso mais sistemático de abordagens de triagem que empregam novas ferramentas.
Isso inclui o uso de testes moleculares de diagnóstico rápido, o uso de detecção auxiliada por computador para interpretar a radiografia de tórax e o uso de uma gama mais ampla de abordagens para a triagem de TB em pessoas que vivem com HIV. As recomendações são acompanhadas de um guia operacional para facilitar a implementação.
Apenas isso não será suficiente. Em 2020, em seu relatório para a Assembleia Geral das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU emitiu um conjunto de 10 recomendações prioritárias que os países devem seguir, incluindo a ativação de liderança de alto nível e ação em vários setores para reduzir urgentemente as mortes por tuberculose; aumentar o financiamento; avançar na cobertura universal de saúde para prevenção e atenção à TB; abordar a resistência aos medicamentos, promovendo os direitos humanos e intensificando a pesquisa sobre a doença.
E, criticamente, será vital reduzir as iniquidades em saúde.
“Durante séculos, as pessoas com tuberculose estão entre as mais marginalizadas e vulneráveis. A COVID-19 intensificou as disparidades nas condições de vida e capacidade de acesso aos serviços dentro e entre os países”, disse a diretora do Programa Global de TB da OMS, Tereza Kasaeva. “Devemos agora fazer um esforço renovado para trabalhar juntos e garantir que os programas de TB sejam fortes o suficiente para qualquer emergência futura – e procurar maneiras inovadoras de fazer isso”.
O Dia Mundial da Tuberculose é comemorado em 24 de março de cada ano para aumentar a conscientização e a compreensão sobre um dos principais assassinos infecciosos do mundo e catalisar ações para enfrentar seu impacto devastador na saúde, social e econômico em todo o mundo.
Fonte: ONU Brasil