Ferramenta pretende medir o nível de aprendizagem acompanhado de aprendizagem em cada município brasileiro entre os grupos sociais definidos por nível socioeconômico, raça, ou gênero. Trata-se do Indicador de Desigualdades e Aprendizagens (IDeA), que irá ajudar na constatação nas desigualdades educacionais do país. Criado pela Fundação Tide Setubal e pesquisadores em educação, o IDeA apresenta uma perspectiva diferente do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O indicador, lançado no dia 25 de junho em São Paulo-SP, pode ser consultado aqui: www.portalidea.org.br
O IDeA foi calculado para os municípios brasileiros e se concentra na aprendizagem dos estudantes que concluíram a primeira e a segunda etapas do ensino fundamental (o 5º e o 9º anos). O instrumento apresenta as situações de baixo nível de aprendizagem e de desigualdades para que essas duas dimensões do direito à educação de qualidade sejam assumidas como problemas sociais e se tornem objeto de ações transformadoras pelos formuladores de políticas, gestores públicos, a comunidade da educação e a sociedade como um todo.
Uma equipe de pesquisadores construiu o IDeA: José Francisco Soares, professor emérito da UFMG, concebeu o IDeA e liderou seu desenvolvimento; Erica Castilho Rodrigues, professora do Departamento de Estatística da UFOP, integrou a equipe de pesquisadores, sendo corresponsável pelo desenvolvimento do IDeA; Mauricio Ernica, professor da Faculdade de Educação da Unicamp e conselheiro consultivo da Fundação Tide Setubal, coordenou e integrou a equipe que desenvolveu o IDeA; e Victor Maia Senna Delgado, professor do Departamento de Economia da UFOP, integrou a equipe de pesquisadores.
A concepção partiu dos dados públicos das edições da Prova Brasil, de 2007 a 2015, que mede desempenhos em Língua Portuguesa e Matemática, para estabelecer referências de aprendizado, comparando-se o desempenho dos estudantes brasileiros com aqueles dos países da OCDE, e mensurou também os níveis de aprendizagem entre grupos sociais comparáveis. Foram obtidas duas medidas-chave: a do nível de aprendizagem e a do nível de desigualdade entre grupos, baseadas nas distâncias entre distribuições estatísticas de desempenhos de grupos. Os dados estão agrupados em faixas para a interpretação.
Com base no indicador, uma análise revelou dados preocupantes sobre o 5º e o 9º anos do ensino fundamental. Quando se observam os municípios em situação de equidade, eles estão mais concentrados nos níveis de aprendizagem mais baixo e, por outro, nos municípios em situação de alto nível de aprendizagem, muito poucos estão em situação de equidade.
Nas situações em que os estudantes de um município têm alto nível de aprendizado e, ao mesmo tempo, equidade entre grupos de nível socioeconômico alto e baixo, nota-se no 5º ano só 0,2% de municípios nessas condições para Matemática e só 0,4%, para Língua Portuguesa. Com esse mesmo critério, mas comparando-se pretos e brancos, a proporção é de 0,7% para Matemática e 1,5% para Língua Portuguesa.
Já no 9º ano, nas mesmas situações de alto aprendizado e equidade em nível socioeconômico, há apenas 0,1% de municípios nessas condições para Matemática e só 0,1%, para Língua Portuguesa e, entre pretos e brancos, essa proporção é menor ainda, chegando a quase zero nas duas disciplinas.
Na análise por gênero, em situação de equidade e aprendizagem alta, tem-se no 5º ano só 9,6% dos municípios nessas condições para Matemática e só 2,5% para Língua Portuguesa e no 9º ano, 0,7% para Matemática e 0% para Língua Portuguesa.
De maneira geral, quando se comparam os resultados dos dois anos, nota-se que: nas duas disciplinas, no 9º ano, há menos municípios nos níveis mais altos de aprendizagem e mais municípios nos níveis mais baixos do que no 5º ano. Por outro lado, no 9º ano há mais municípios em situação de equidade em LP, tanto para nível socioeconômico, como raça e gênero; em Matemática, no 9º ano, a maior equidade se dá apenas entre grupos de nível socioeconômico. No entanto, nas duas disciplinas, o 9º tem mais municípios em situação de desigualdade alta do que o 5º ano, tanto em nível socioeconômico, como em raça.
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