As fortes chuvas, que provocaram inundações fatais e catastróficas em vários países da Europa Ocidental, são apenas o último indicador de que todas as nações precisam fazer mais para conter os desastres induzidos pelas mudanças climáticas, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM) na sexta-feira (16).
A agência da ONU relatou que países como Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Holanda receberam até dois meses de chuva em dois dias, de 14 a 15 de julho, em um solo que “já estava perto da saturação”.
As imagens da destruição circularam na mídia no final da última semana. Até o momento, 196 mortes foram confirmadas na Alemanha e na Bélgica, com centenas ainda desaparecidos.
“Vimos imagens de casas sendo varridas, é realmente devastador”, disse a porta-voz da OMM, Clare Nullis, acrescentando que o desastre aniquilou algumas das medidas de prevenção postas em prática pelos países desenvolvidos afetados.
Em nota divulgada pelo seu porta-voz, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar entristecido pela perda de vidas e destruição de bens. “Ele estende suas condolências e solidariedade às famílias das vítimas e aos governos e pessoas dos países afetados”.
Guterres disse que a ONU está pronta para contribuir para os esforços contínuos de resgate e assistência, se necessário.
“A Europa como um todo está preparada, mas você sabe, quando você tem eventos extremos, como o que vimos – o equivalente a dois meses de chuva em dois dias – é muito, muito difícil de lidar”, acrescentou Nullis, antes de descrever cenas de “devastação total” no estado da Renânia-Palatinado, no sudoeste da Alemanha, que faz fronteira com a França, Bélgica e Luxemburgo.
Destacando medidas de preparação típicas, a oficial da OMM observou que o serviço meteorológico nacional da Suíça, o MeteoSwiss, tinha um aplicativo de smartphone que emitia alertas regularmente sobre níveis críticos de água elevada.
Calor extremo – O clima em todo o Hemisfério Norte mostrou padrões incomuns de ondas planetárias que neste verão trouxeram calor, secas, frio e condições úmidas sem precedentes em vários lugares.
Em contraste com as condições úmidas, partes da Escandinávia continuam a suportar temperaturas escaldantes, enquanto as nuvens de fumaça da Sibéria afetaram a qualidade do ar em toda a linha de dados internacional no Alasca. Um calor sem precedentes no oeste da América do Norte também provocou incêndios florestais devastadores nas últimas semanas.
Entre os países escandinavos que sofreram uma onda de calor duradoura, a cidade de Kouvola Anjala, no sul da Finlândia, teve 27 dias consecutivos com temperaturas acima de 25°C. “Estamos falando da Finlândia, não da Espanha ou do norte da África”, destacou Nullis.
“Certamente, as imagens que vimos da Alemanha, Bélgica e Holanda esta semana são chocantes, mas em cenários de mudanças climáticas, veremos eventos mais extremos, em particular calor extremo”, alertou a funcionária da OMM.
A agência realçou a necessidade de pesquisas sobre a conexão dessas alterações em grande escala ocorrida na temporada com o aquecimento do Ártico e o acúmulo de calor no oceano.
Águas turbulentas – A OMM informou que as preocupações persistem com o aumento da temperatura do mar em altas latitudes ao norte. O Golfo da Finlândia, no Mar Báltico, registrou uma alta recorde. No dia 14 de julho, os termômetros registraram 26,6°C, a água mais quente registrada desde que os registros de temperatura começaram há cerca de 20 anos.
“Precisamos intensificar a ação climática, precisamos elevar o nível de ambição; não estamos fazendo o suficiente para permanecer dentro das metas do Acordo de Paris (sobre Mudança Climática) e manter as temperaturas abaixo de dois graus Celsius, mesmo 1,5°C, até o final deste século”, alertou Nullis.
A funcionária da OMM pediu aos países que tomem medidas para para evitar uma catástrofe climática ligada ao aumento das emissões de carbono antes da conferência climática da ONU deste ano, conhecida como COP26, em Glasgow, em novembro.
Fonte: ONU Brasil