O relatório de uma equipe de cientistas internacionais montada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para examinar como a COVID-19 se espalhou primeiro para humanos, publicado no dia 30 de março, foi descrito pelo chefe da agência da ONU como um começo oportuno mas longe de ser conclusivo.
“Esse relatório é um começo importante, mas não é o fim”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Nós não achamos ainda a fonte do vírus e devemos continuar a seguir a ciência e não deixar pedra sobre pedra como fazemos”.
Ele recebeu os resultados do time de 34 membros. Em janeiro, eles visitaram a cidade chinesa de Wuhan, onde os primeiros casos do novo coronavírus apareceram, no final de 2019.
O chefe da OMS deixou claro que, no geral, isso levanta “mais perguntas que precisarão ser abordadas por estudos adicionais, como a própria equipe observa no relatório”.
Tedros observou que, embora muitos dados tenham sido fornecidos, para entender os primeiros casos eles precisariam de acesso das autoridades chinesas “a dados incluindo amostras biológicas de pelo menos setembro” de 2019.
“Nas minhas discussões com a equipe, eles expressaram as dificuldades encontradas em acessar dados brutos. Eu espero que futuros estudos colaborativos incluam um compartilhamento de dados mais pontual e compreensivo”.
Mercado de animais – Tedros recebeu as recomendações de estudos adicionais para entender os primeiros casos humanos e agregados e para rastrear animais vendidos nos mercados dentro e nos arredores de Wuhan, mas “o papel do mercado de animais ainda não é claro”.
A equipe confirmou que houve contaminação generalizada no grande mercado de Huanan, mas não conseguiu determinar a fonte dessa contaminação. “Mais uma vez, recebo recomendações para mais pesquisas, incluindo uma análise completa do comércio de animais e produtos nos mercados em Wuhan, particularmente aqueles ligados aos primeiros casos humanos”, disse.
Ele concordou que fazendeiros, fornecedores e os seus contatos deveriam ser entrevistados e que mais estudos são necessários para identificar que papel “animais selvagens de criação podem ter desempenhado na introdução do vírus nos mercados de Wuhan e além”.
Vazamento de laboratório – A equipe também visitou diversos laboratórios em Wuhan e considerou a possibilidade do vírus ter entrado nos humanos como resultado de um incidente de laboratório, observou Tedros. Entretanto, eu não acredito que essa análise foi extensa o suficiente. Mais dados e estudos serão necessários para chegar a conclusões mais robustas”, ele disse.
“Embora a equipe tenha concluído que um vazamento de laboratório é a hipótese menos provável, isso requer mais investigação, potencialmente com missões adicionais envolvendo especialistas, o que estou pronto a implementar”.
Para a OMS, “todas as hipóteses permanecem sobre a mesa”. “Encontrar a origem de um vírus leva tempo e nós devemos isso para o mundo, encontrar a fonte, para que, coletivamente, tomemos passos para reduzir o risco disso acontecer novamente. Uma única viagem de pesquisa pode fornecer todas as respostas”, declarou Tedros.
Fonte: ONU Brasil