Em 2015, 3,8% da população brasileira, o equivalente a quase 7,8 milhões de pessoas, vivia em situação de pobreza multidimensional — isto é, sofria privações no acesso a saúde, educação, água e saneamento, eletricidade e padrões de habitação adequados. A estimativa foi divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em seu mais recente relatório sobre as múltiplas faces da miséria.
Divulgado neste mês (11), o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) Global 2019 avalia as formas como indivíduos têm condições de vida básicas negadas por causa da miséria. O levantamento analisa o cenário de 101 países, cobrindo 76% da população global. A proposta da pesquisa é superar o viés unidimensional — que adota critérios únicos, como a renda per capita, por exemplo — nas discussões sobre pobreza.
Quanto mais próximo do zero está o IPM, menor é a pobreza multidimensional de uma nação. A taxa expressa o nível de privação vivido por uma sociedade. Para calcular o índice, o PNUD utiliza dez indicadores, divididos em três categorias. Sob a classificação ‘Saúde’, a agência mede a nutrição e a mortalidade infantil. No quesito ‘Educação’, são avaliados os anos de escolaridade e a frequência escolar. Em ‘Padrões de vida’, o organismo investiga dados sobre a disponibilidade de combustível ou energia para cozinhar alimentos, saneamento, água potável, eletricidade, moradia e recursos.
O índice brasileiro foi estimado em 0,016 — o mesmo da China. À frente do Brasil, na América Latina, estão Trinidad e Tobago (0,002), Santa Lucia (0,007), Guiana (0,014) e República Dominicana (0,015).
Para que uma pessoa seja considerada “multidimensionalmente pobre”, ela precisa ter privações em pelo menos um terço dos indicadores — no caso da mortalidade infantil, o que é avaliado é a ausência de uma baixa mortalidade de crianças. Quando privações são observadas em mais da metade dos indicadores, o indivíduo vive em pobreza multidimensional severa.
No Brasil, em 2015, 3,8% da população estava em condição de miséria multidimensional. Desse contingente de brasileiros, em torno de um quarto — 0,9% da população total — foi classificado como em situação de pobreza multidimensional severa.
De acordo com a pesquisa, a mortalidade infantil é o indicador que tem mais influência sobre a taxa do Brasil, respondendo por 49,8% do valor que estima as privações da população. Em seguida, vêm os anos de escolaridade (19,8%) e o acesso a saneamento (11,9%).
Para calcular o índice brasileiro, o PNUD utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) anual de 2015.
Fonte: ONU Brasil