Rede Comunidades

Ao longo dos últimos 20 anos foi construída uma consistente história de parcerias com comunidades rurais do nordeste brasileiro. A partir da realização de ações conjuntas para a geração de trabalho e renda, inclusão digital e organização comunitária surgiu o embrião do que atualmente é a Rede Comunidades. Essa rede conta com mais de 80 comunidades localizadas em sete estados nordestinos: AL, CE, PB, PE, PI, RN e SE compreendendo 32 municípios.

A Rede é fomentada pelo Programa Comunidades Semiárido, que se originou da conjunção de diversos projetos de desenvolvimento comunitário executados no Semiárido nordestino. O Programa vem atuando em cinco eixos principais: Organização Comunitária, Geração de Trabalho e Renda, Convivência com o Semiárido, Meio Ambiente/Mudanças Climáticas e Educação e Cidadania.

No decorrer desta parceria as comunidades vêm desenvolvendo a capacidade de elaborar seus próprios projetos e os membros da Rede vêm se apoiando mutuamente, debatendo sobre as perspectivas para o desenvolvimento local, sobre seus direitos e sobre o acesso às políticas públicas. Os mais jovens têm um papel fundamental nesse processo. Seu interesse pelas tecnologias digitais vem favorecendo a interação e os têm trazido para as discussões e para a vida política da comunidade. Muitos se tornaram membros das associações locais e até mesmo de sua diretoria.

As ações desenvolvidas na rede buscam a mobilização de diferentes sujeitos para a elaboração de estratégias que promovam transformações sociais e, consequentemente, a redução das desigualdades. Busca-se atuar no sentido de acolher e viabilizar propostas de desenvolvimento originadas a partir da reflexão dos moradores, em processos participativos com as associações comunitárias e outros espaços de debates nas comunidades.

A Rede trabalha também para promover o reconhecimento da autogestão comunitária como princípio fundamental de sua metodologia de atuação. O desejo é que a partir dessa autogestão um conjunto de tecnologias sociais possam ser desenvolvidas e/ou ter sua reaplicação viabilizada. A própria metodologia de atuação nas comunidades, desenvolvida colaborativamente durante esses anos de parceria,  pode ser caracterizada como uma tecnologia social de organização comunitária.

Uma das principais estratégias utilizada nessa metodologia compreende a criação dos Comitês Mobilizadores. Trata-se de comissões formadas por jovens, mulheres, homens e com a participação do(a) presidente da associação comunitária local. Os comitês buscam fortalecer a autonomia das comunidades na gestão das ações locais, dos projetos e formar lideranças e multiplicadores das atividades de formação e assessorias desenvolvidas. Outra iniciativa importante é o estímulo à identificação de canais de participação e encaminhamento das reivindicações dos moradores por direitos, e da proposição de modelos alternativos de desenvolvimento, em programas e políticas públicas, através da participação em conferências, fóruns, conselhos e encontros.

A Rede Comunidades representa, portanto, um espaço de trocas de  informações e conhecimentos e de articulação de iniciativas desenvolvidas atravésdo protagonismo da juventude das comunidades que a integram. Sua perspectiva central é a de fortalecer o associativismo e incentivar a criação de espaços e processos participativos na definição de projetos e ações a serem desenvolvidas nas comunidades.

Linha do tempo da Rede Comunidades

2000
2002
2003
2004
2007
2011
2012
2013
2014
2015
2017
2019

2000

PROJETO A CULTURA DO ALGODÃO EM SISTEMA INTEGRADO À INDÚSTRIA

Foi o projeto que instalou as primeiras ações e mobilizou o assentamento Margarida Maria Alves, em Juarez Távora/PB, a primeira comunidade do que se tornaria a Rede de Comunidades. Os agricultores estavam envolvidos em problemas com as antigas técnicas de cultivo de algodão. Sofriam com a baixa produtividade, com ataques da praga do bicudo e obtinham pouca lucratividade, pois o produto era de baixa qualidade e vendidos a atravessadores. O projeto trabalhou a questão da organização comunitária, melhorou as técnicas de produção, instalou uma miniusina de beneficiamento de algodão e transferiu tecnologias de produção agrícola na comunidade. Os agricultores passaram a produzir algodão orgânico, colorido, de alta qualidade e a beneficiar o produto diretamente nas miniusinas, passando a comercializar não mais algodão bruto, mas enfardado, sem a interferência dos atravessadores.

2002

PROJETO ALGODÃO, TECNOLOGIA E CIDADANIA

Ampliou o projeto piloto do assentamento Margarida Maria Alves para outras cinco comunidades em cinco estados: PE, PB, RN, CE e AL, iniciando a formação de polos regionais de produção de algodão no âmbito da agricultura familiar.

2003

PROJETO UNIVERSIDADES CIDADÃS

Aproximou universidades e comunidades, promovendo a troca de saberes acadêmicos e populares, resultando em dezenas de ações para o desenvolvimento socioeconômico. Estiveram envolvidas as instituições: Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal de Campina Grande, Universidade Federal do Piauí, Universidade Federal de Sergipe e Universidade Regional do Cariri. As atividades resultaram em processos educativos, de organização comunitária, ambientais e de geração de renda.

2004

PROJETO PÓLOS DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO NO NORDESTE

O projeto visou o incremento e a recuperação da produção de algodão no Semiárido Nordestino, por meio da implementação de novas tecnologias de cultivo, adoção de novas variedades de algodão, pré-processamento da pluma no local de produção, organização e capacitação dos agricultores familiares em novos sistemas de produção.

PROJETO PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO INTEGRADO

Ampliou o número de comunidades parceiras envolvidas nos projetos anteriores para cerca de 20, iniciando um trabalho em rede e implementando diversas tecnologias sociais: sistemas de criação de caprinos e ovinos, cisternas, barragens subterrâneas, telecentros comunitários, entre outros. O trabalho relacionado à inclusão digital, possibilitado pelos telecentros comunitários, atraiu o público mais jovem das comunidades e proporcionou a consolidação do contato entre lideranças em polos de diferentes localidades, condições que permitiram o surgimento da Rede Comunidades.

2007

PROJETO COMUNIDADES DO MILÊNIO

O projeto teve como objetivo desenvolver tecnologia social para o fortalecimento das capacidades de comunidades de baixa renda, visando o seu desenvolvimento socioeconômico, envolvendo redes de organizações, de universidade e de parceiros, tendo como eixo os 8 Objetivos do Milênio. O projeto implementou telecentros comunitários e promoveu a instalação de miniprojetos geradores de renda.

2011

PROJETO CONSOLIDAÇÃO DO PROGRAMA COMUNIDADES SEMIÁRIDO

Consolidou a metodologia e o processo de desenvolvimento nas comunidades parceiras. O projeto apoiou diretamente 25 comunidades por meio de assistência técnica de agentes de desenvolvimento comunitário e pequenos projetos pilotos apresentados pelas comunidades. Foram criados ainda processos de capacitação por meio de educação à distância e presencial, em fóruns de lideranças jovens.

2012

PROJETO ADEQUAÇÃO DE FERRAMENTAS E CONSOLIDAÇÃO DE METODOLOGIA PARA REAPLICAÇÃO DO PROGRAMA COMUNIDADES SEMIÁRIDO

O projeto aprimorou ferramentas web de educação à distância, fomentou e fortaleceu a interação entre as comunidades da rede por meio das redes sociais e desenvolveu e disponibilizou processos para a autoinstrução por EAD em temáticas relacionadas à mobilização e desenvolvimento comunitário, além de promover um fórum presencial de lideranças jovens.

2013

PROJETO TECNOLOGIA SOCIAL E JUVENTUDE, EMPODERANDO LÍDERES

Capacitou e fortaleceu a rede de lideranças jovens do Semiárido para processos de reaplicação de tecnologias sociais. O projeto buscou disseminar a temática das tecnologias sociais entre as lideranças jovens, realizou capacitações sobre esse tema e sobre a produção de “vídeos de bolso” como apoio à divulgação das atividades.

2014

APOIO AOS AGRICULTORES DO PROGRAMA COMUNIDADES SEMIÁRIDO

Apoiou pequenos agricultores familiares por meio de duas experiências piloto de mecanização leve para a agricultura familiar, com foco na cultura do algodão. Além disso, procurou fortalecer a interação e troca de experiências entre os participantes da rede.

JORNADA DE AMPLIAÇÃO DA REDE

Foi criada uma espécie de gincana na qual as comunidades que já faziam parte da rede convidaram novas comunidades para integrarem a rede. As próprias lideranças comunitárias apoiaram o ingresso das novas comunidades, utilizando a metodologia já desenvolvida na etapa anterior de formação da rede. Como resultado, o número de integrantes subiu de 30 para 80 comunidades.

2015

REDE DE CORRESPONDENTES DO SEMIÁRIDO

O projeto criou uma rede de correspondentes comunicadores, ampliando as possibilidades de comunicação e interação entre jovens de comunidades rurais do Semiárido, divulgando e valorizando a cultura, os saberes locais e as boas práticas de desenvolvimento no meio rural. Tablets e roteadores wi-fi foram disponibilizados como forma de melhorar o acesso das comunidades à internet. O projeto gerou uma publicação com um panorama cultural das comunidades (issuu.com/mobilizadorescoep/docs/livro_nossa_cultura), com conteúdos produzidos pelas próprias comunidades.

2017

PROJETO AUTONOMIA COMUNITÁRIA E DESENVOLVIMENTO

O projeto teve como objetivo contribuir para o fortalecimento do processo de desenvolvimento socioeconômico das comunidades da rede, por meio da formação e capacitação em elaboração de projetos e execução de ações coletivas. Foram elaborados pelos participantes 37 projetos, envolvendo ações de conservação ambiental, geração de trabalho e renda e melhorias de infraestrutura.

2019

JORNADA DAS COMUNIDADES

A Jornada das Comunidades é uma ferramenta de mobilização social que visa envolver os membros da Rede Comunidades Semiárido na construção de diagnósticos e proposição de caminhos e ações concretas para o desenvolvimento socioeconômico e humano local.

Espera-se que ao final da jornada as comunidades participantes tenham realizado pelo menos duas ações coletivas que contribuam para a melhoria das suas qualidades de vida.