A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) prevê contração econômica de 4,3% este ano e mais 130 milhões de pessoas lançadas na pobreza extrema. O relatório Impacto da Pandemia de Covid-19 no Comércio e Desenvolvimento: Transição para um Novo Normal revela que as pessoas mais pobres e vulneráveis sentirão “por muito tempo” as consequências da pandemia.

O secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi, disse que “a propagação do vírus se beneficiou da interconectividade e das fragilidades da globalização, tornando uma crise de saúde global num choque econômico que atingiu os mais vulneráveis ​​mais fortemente.” O relatório diz que a pandemia ameaça o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e recomenda uma recuperação concentrada em política comercial que considere o impacto ambiental e outros desafios.

De acordo com a Confederação, a COVID-19 afetou todas as áreas da economia mundial – investimento, produção, emprego e meios de subsistência – e os grupos mais atingidos incluem migrantes, trabalhadores informais e mulheres.

Pobreza – A pandemia levou ao maior aumento da pobreza no mundo deste 1998, quando houve a crise financeira na Ásia. Em 1990, a taxa global era de 35,9%. Há dois anos, o número havia sido reduzido para 8,6%. Mas este ano, a taxa já está em 8,8% com uma tendência de aumentar ainda mais em 2021.

A crise da pandemia também teve um efeito desproporcional no turismo e nas micro, pequenas e médias empresas. Nos 32 países com dados disponíveis, os países com maior incidência de COVID-19 viram maiores aumentos no desemprego feminino do que masculino.

Capacidade limitada – Segundo o relatório, “a produção e distribuição de vacinas devem realçar a capacidade limitada da maioria das nações em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos para responder à crise.” Isto porque a maioria das nações de baixa renda não possui as redes de segurança necessárias para apoiar as populações.

Cerca de 79,4% dos trabalhadores na África Subsaariana e 84,5% dos trabalhadores em países menos desenvolvido não têm acesso a qualquer proteção social ou programas de trabalho. O relatório pede um aumento da assistência internacional, incluindo alívio da dívida, para que as nações tenham o espaço fiscal necessário para enfrentar a crise.

Recuperação – A UNCTAD sugere um roteiro para a recuperação. Para Mukhisa Kituyi, “agora é o momento certo para abordar os pontos fracos da globalização que levaram à rápida disseminação do vírus ao redor do mundo e seus impactos econômicos desiguais.”

O documento aponta que a pandemia pode ser um catalisador para novas redes de produção mais resilientes, baseadas em cadeias de valor mais curtas e mais regionais, sustentáveis ​​e digitais. É também uma chance de tornar a produção mais alinhada ao meio ambiente.

As emissões globais de dióxido de carbono devem cair 8% este ano. Esta é aproximadamente a redução necessária anualmente na próxima década para manter o progresso de apenas 1,5º C nas temperaturas globais.

Para Mukhisa Kituyi, “apesar das perspectivas sombrias, ainda é possível transformar a COVID-19 no melhor momento das Nações Unidas e construir um futuro mais inclusivo, resiliente e sustentável.”

Fonte: ONU Brasil

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